Das mesmas mentes que criaram Journey e Flower, ABZÛ foi publicado pela 505 Games em 2 de agosto de 2016 para PC e PS4, em 6 de dezembro do mesmo ano para Xbox One e em 29 de novembro de 2018 para Switch, e desenvolvido pela Giant Squid Studios. Seu nome vem da mitologia grega, onde AB significa água, e ZÛ, conhecer. Ganhou muitos prêmios, entre eles o Game Critics Award da E3 em 2016, e tudo isso devido a incrível atmosfera que cria.

ABZÛ é um puzzle em uma bela aventura pelos mares onde você pode fazer o que quiser, apesar de não terem objetivos concretos. Você só pode nadar, observar os fenômenos naturais e interagir com cardumes. Prestar atenção em todas as cores vivas, todos os seres vivos se movimentando e na força da água sobre tudo é algo simplesmente incrível.

Você acorda no meio do mar, com nada além de uma roupa de nadador. O jogo não explica o motivo de nada e deixa vários fatos em aberto.

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Você acorda perdido, sem explicações.

Enquanto percorre seu caminho, um robô aparece preso em um buraco no fundo do mar. Ao salvá-lo, torna seu amigo e em recompensa te ajudará em todos os puzzles.

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Seu robô o ajudará a passar pelas fases.

O jogo tem pequenas brechas para criar uma narrativa. Espalha itens em seu mapa para o jogador encontrar, mas é algo opcional. Não posso citar spoilers, porém todas essas mensagens só reforçam que o jogador faz cada vez mais parte desse mundo submarino — até porque ele parece um humano, mas consegue respirar enquanto submerso.

ABZÛ é um jogo que explora as emoções do jogador. Cria eventos memoráveis, como quando vários peixes se juntam na sua frente para formar um mosaico, por exemplo. É um jogo para desestressar, e é isso que o torna tão imersivo. Toda essa complexa beleza é contrastada pela simplicidade de suas mecânicas. Você basicamente só tem de direcionar seu nado e acelerar. O mundo faz o resto para você. Se você pretende jogar só por zerar, esqueça. É para aproveitar cada segundo com cada paisagem. Como já disse Scott Butterworth, autor da GameSpot, quando eu morrer, espero que o que aconteça tenha metade da beleza de ABZÛ.

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A maneira com que você interage com o mundo é incrível.

A campanha dura cerca de 2 horas, mas ela não é o foco, então digo que o fator replay é ótimo. Você com certeza se perderá ao explorar todo esse mundo incrível, e nem prestará atenção nas horas, mesmo sendo linear. Tem muitas barreiras de colisão em lugares que eu gostaria muito de continuar descobrindo. Por não terem inimigos ou objetivo aparente, não tem como descrever a dificuldade.

A trilha sonora de ABZÛ é uma das melhores até hoje no cenário indie. Complementa muito bem os seus efeitos sonoros, também incríveis, que conseguem transmitir cada som minuciosamente. Sons de suas nadadeiras, a água colidindo com objetos, as vegetações se mexendo… todos possuem efeitos muito satisfatórios. A maioria dos pontos do jogo foca em trazer um certo prazer dos sentidos, então o tratamento correto do áudio é indispensável.

Me arrisco a dizer que a direção de arte é a melhor entre os indies até hoje. Traz um lowpoly muito bem feito, personagens simples mas muito carismáticos e cenários como nunca havia visto. Por se tratar de um universo aquático, todas as animações fluem muito bem e parecem sofrer pelas ações do mar a todo momento. Todos os estudos sobre as formas de vida que escolheram foram muito bem feitos, tudo funciona muito bem, é sensacional.

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Sua direção de arte é sensacional.

ABZÛ é uma obra de arte. Não é um jogo para ser viciante, e sim para ser apreciado em momentos tristes ou estressantes. É um jogo que não é complexo por conta de suas mecânicas, e sim pela sua arte que interage com você. É um jogo que não agrada a todos, mas sim os que estão abertos a se emocionar, refletir e esquecer do tempo.


Conclusão

ABZÛ é uma experiência rica em audiovisual. Seu universo é feito para ser apreciado, e todas as horas de gameplay servem para preencher algum vazio interno do próprio jogador. A cada momento, o jogo reforça que sua arte é o ponto mais forte, e ela cria emoções muito fortes. Em contrapartida, sua narrativa deixa alguns espaços em branco, e a variedade em suas mecânicas é praticamente nula.