Armello é um jogo de RPG desenvolvido pela League of Geeks, e suas ideias completamente inovadoras fizeram ele ser financiado inteiramente por uma campanha de muito sucesso no Kickstarter, em 2014 (mas só a versão para PC). O jogo foi lançado dia 1 de setembro de 2015 para Xbox One, PC e PS4, e só em 27 de setembro de 2018 para Nintendo Switch.

Nunca imaginaria que a junção de três gêneros resultaria em algo tão bom. Ele mistura tabuleiro, cartas e RPG para criar seu gameplay único, e é por isso que se torna tão revolucionário. O objetivo, superficialmente, de Armello, é se tornar Rei. Existem quatro clãs (Ursos, Lobos, Ratos e Coelhos) que tentam assumir essa posição, cada um com sua estratégia. Mesmo com a narrativa só estando presente no prólogo do jogo, esse drama consegue ser explicado relativamente bem, apesar de que o jogo não esclarece de uma maneira assertiva suas mecânicas, tornando o começo muito confuso.

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O único propósito é se tornar Rei, custe o que custar.

A história de cada partida é a mesma: o Rei está quase morrendo, infectado por forças do mal chamadas de podridão, e então os clãs tentam brigar pelo poder, cada um com sua tática. Basicamente, o Clã dos Ursos só tenta combater essa infecção, o dos Lobos tenta matar o Rei, o dos Ratos tenta infectar ainda mais seu alvo e o dos Coelhos tenta ser amigável, até o matar sorrateiramente.

Eu nunca fui um grande fã de nenhum dos gêneros que o jogo aborda e não estou tão familiarizado com as mecânicas dos mesmos, então foi um grande sufoco para mim no início. O jogo não sabe explicar seus comandos, e a forma de tutorial utilizada é extremamente lenta, o que tira um pouco do interesse já de cara, mas sabia que seria algo diferente do habitual e tinha um grande potencial, então continuei. Os controles são muito complexos (talvez para jogadores acostumados seja normal), mas depois que são aprendidos se tornam muito divertidos. Algo que agrega muito nisso é que você pode jogar do jeito que quiser e criar sua própria estratégia para cada situação. Os níveis do jogo são bem elaborados e colaboram para que suas escolhas não sejam limitadas. Pensei que seria um jogo repetitivo e queimei a língua, mas me decepcionei ao saber que não teria uma campanha longa.

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Todas as decisões têm grandes consequências.

Armello cria uma atmosfera medieval tensa, seja com a trilha sonora ou com seu visual. Como o enredo trata da ambição de se tornar uma autoridade tão importante como essa, já era inevitável essa atmosfera. O jogo tem um prólogo curto e logo após temos partidas singleplayer (contra IA) e multiplayer (servidor privado para amigos ou partida aleatória contra outros jogadores) no mesmo estilo, mas como já expliquei, não são enjoativas. A dificuldade, apesar de tudo, é balanceada, só que o jogador tem que se esforçar para entender as mecânicas.

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São diversos os recursos que o jogador tem que aprender.

Em questão de trilha sonora, o jogo não se sobressai tanto, mas é consistente e propõe exatamente o que os desenvolvedores queriam, então não tem do que reclamar. Para os efeitos sonoros, posso dizer quase o mesmo, apesar que os achei bem genéricos.

A direção de arte é linda, porém não excepcional ou exclusiva de Armello. É bem planejada, mas não é um dos pontos fortes do jogo. O design, em geral, consegue ser uniforme e isso é ótimo, pois ajuda a criar sua identidade. O incrível é que até as fontes usadas parecem se integrar ao resto, ou seja, foram poucos os erros de design. Um dos únicos problemas que encontrei foi que, como testei no Nintendo Switch, alguns textos ficaram pequenos, de muito difícil leitura. As animações são muito bem-feitas, sendo fluidas e tendo uma enorme variedade, o que demonstra a um grande cuidado por parte da empresa.

Considerando todos esses pontos que mencionei, é possível afirmar que os gráficos do jogo são bons e muito bonitos — mais um fator que superou minhas expectativas. Infelizmente, essa beleza tem seus defeitos: todas as vezes em que iniciei o jogo, houve uma queda massiva no número de quadros por segundo, a um ponto que quase impossibilita a jogatina; e em certos momentos do gameplay isso também aconteceu, mas em menor quantidade. O jogo poderia ter sido bem melhor otimizado.

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Os gráficos são muito bonitos e os cenários são bem detalhados.

Armello é um jogo complexo e não-intuitivo, mas extremamente divertido para todos os gostos. Reúne influências de muitos outros gêneros para criar uma sólida experiência, mas tenho certeza que só não é um sucesso por conta do preconceito de uma grande parte do público gamer. Um jogo tão inovador como esse, apesar de não tão polido, merece muito a atenção de todos. Se até eu, que não entendia muito de sua temática no princípio, adorei, imagina os jogadores mais habituados.


Conclusão

Armello é uma obra de arte incompreendida, apesar de errar em alguns pontos simples. É incrível em suas mecânicas, mesmo que com um tutorial fraco, possui uma ótima direção de arte, e mesmo parecendo ser de nicho, é muito bom e deveria ser testado por todos. Sendo o jogo de estreia de sua desenvolvedora, honra seus gêneros, assim agradando os jogadores mais antigos e os mais novos.

(Cópia para análise gentilmente cedida pela League of Geeks)