Depois da ascensão em popularidade dos jogos indies no fim dos anos 2000 e início dos anos 2010, com títulos como Super Meat Boy, BraidThe Binding of IsaacSpelunkyLimbo, entre outros, parece que chegamos a um ponto de saturação para esse mercado. A Steam, por exemplo, uma das plataformas que auxiliou a popularização desses jogos, hoje vê sua biblioteca crescendo exponencialmente, e está cada vez mais difícil se destacar como um desenvolvedor independente.

Em meio a esse caos, uma das desenvolvedoras mais notórias é a Landfall Games, conhecida principalmente por Stick Fight: The GameTottaly Accurate Battle SimulatorClustertruck, este que foi lançado no dia 15 de março de 2018 para o Switch, e que será abordado nesta análise.

Clustertruck é um jogo de plataforma em 3D com um toque diferencial: ao invés de evitar obstáculos e matar inimigos como grande parte dos jogos de plataforma, aqui o objetivo é saltar de caminhão em caminhão, tentando não cair e escapando dos mais variados bloqueios no caminho.

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Em Clustertruck, o objetivo é chegar ao fim da fase sem tocar no chão.

Desde a primeira fase se nota a rapidez no gameplay do jogo. O conceito é encantador à primeira vista, e é possível enxergar potencial no mesmo. Nos primeiros dos 9 mundos em que o jogo é dividido, a curva de dificuldade é muito bem planejada e os desafios aparecem gradativamente em uma velocidade que encoraja o jogador a querer jogar cada vez mais. No início, o jogador pode apenas pular de caminhão em caminhão. Conforme o jogo avança, porém, outros poderes são disponibilizados, como pulo duplo, desaceleração do tempo, etc.

Os controles são extremamente precisos e de fácil aprendizagem, como seria obrigatório para esse tipo de jogo. Os gráficos são muito bem planejados, empregando o minimalismo e a arte poligonal para enaltecer e desvalorizar os objetos de acordo com seu grau de importância.

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Os gráficos são muito bem pensados.

É na segunda metade do jogo aonde Clustertruck demonstra seus piores defeitos. A partir do quinto mundo, a curva de dificuldade se transforma em uma montanha-russa de dificuldade. Algumas fases podem ser completadas de primeira, enquanto outras demoram vários minutos. A introdução de elementos mais completos no cenário resulta em hitboxes mal-programadas e bugs irritantes.

Me parece que os desenvolvedores ficaram sem ideias para os últimos mundos, mas tendo um jogo curto demais em mãos, decidiram incluir mais fases sem planejamento e sem cuidado. Algumas fases são descaradamente feitas simplesmente para gastar o tempo do jogador, repetindo o mesmo tipo de desafio inúmeras vezes. Ao invés de habilidade, essas fases requerem apenas paciência. Outras pegam elementos de fases anteriores e apenas rearranjam os mesmos, sem preocupação com a coesão entre esses elementos.

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Nos últimos mundos, as fases com um design inteligente são substituídas por fases longas e maçantes.

Enquanto na primeira metade da jogatina Clustertruck é difícil pelas razões certas e o jogador se sente consequentemente recompensado, na segunda metade ele se torna difícil pelas razões erradas. Ele se torna maçante e tedioso. A ruína de Clustertruck é a falta de controle de qualidade.

A trilha sonora também se torna mais irritante à medida que o jogo evolui. Com a necessidade de repetir as mesmas fases várias vezes e com a pouca variação entre as músicas do jogo, os sons passam de agradáveis a incômodos. Em um determinado ponto, me senti obrigado a tirar meus fones de ouvido.


Conclusão

Clustertruck começa bem e é promissor, mas o nível de diversão cai à medida que as fases vão passando, chegando a um ponto aonde o jogo se torna mais irritante do que divertido. A premissa, porém, é interessante e é possível conseguir um aproveitamento maior jogando o mesmo em pequenas sessões.