Desenvolvido pela Dead Mage, publicado pela 11 Bits Studios e lançado no terceiro dia deste mês, a obra, que está disponível para todas as plataformas atuais, gera boas impressões desde o começo, principalmente com aqueles que tem um gosto especial ao estilo de arte pixelado. Nesta belíssima obra, os Bergson foram incumbidos da missão de proteger o mundo sob as bençãos da deusa Rea, em uma busca para impedir o avanço da corrupção sobre as antigas terras guardadas pela família. Apesar da história relativamente clichê, em minha mente uma opinião prevalece sobre os demais fatores: A jogabilidade de Children of Morta consegue deixar alguns jogos “triple A” no chinelo.

Os comandos do jogo são bem polidos e a gameplay fluida, aplicando um toque suave ao jogo e impedindo que se use a famosa desculpa de que o personagem tem vontade própria. Tudo isso faz com que o jogo seja muito agradável tanto no teclado quando no controle. Entretanto, a dificuldade não é muito alta, podendo ser considerado algo como “fácil de aprender, difícil de dominar”, já que o jogo tem uma certa resistência ao avanço do jogador até que o personagem ganhe experiência e novas habilidades possam ser desbloqueadas.

Os pontos de habilidade demoram algum tempo a serem ganhos, mas cada habilidade entrega um valor estratégico inestimável, e sendo ela passiva ou ativa, cada skill tem suas peculiaridades para cada personagem que vai ser usado. Ao apresentar 6 personagens jogáveis e diferentes estilos de luta entre cada um deles, o jogo consegue satisfazer quase qualquer estilo de jogo, embora seja visível que o jogador é incitado a jogar com mais de um personagem durante a história (lembrando o valor representativo da palavra “família”).

A única variabilidade verdadeira entre cada partida são as relíquias e as formas das dungeons em si. Dentro da dungeon existem diferentes relíquias – cada uma concedendo um bônus específico – espalhadas entre as salas, e locais que desencadeiam eventos específicos que podem conceder bônus (ou a derrota, se forem tratados com descuido).

A arte pixelada de Children of Morta é tão característica que, mesmo que me lembre vagamente de outros títulos como Hyper Light Drifter, se destaca muito nos fatores de iluminação e movimentação (na minha opinião, talvez até mais detalhados que a outra obra supracitada). A maneira que o jogo trata objetos e paredes iluminados com luzes e sombras ajuda a criar um ambiente confortável e agradável para os olhos, mostrando contrastes bem definidos entre as cores que compõem o cenário, e ao denotar partes iluminadas (como portais, armas, inimigos e efeitos de movimentação e ataque) da forma mais natural possível, é capaz de cativar até mesmo os jogadores que não são muito amigáveis/atraídos ao estilo de 16 bits.

Os sons são algo que se encaixa perfeitamente na expressão “a outra metade da laranja”, principalmente porque a atmosfera do jogo é criada pela junção dos dois elementos artísticos de uma forma muito marcante e suave. Tão suave de fato, que foi necessário abrir o jogo várias vezes para me lembrar de como era a trilha sonora, ela se mescla tão habilmente com a atmosfera de jogo que é possível sentir como se ela não estivesse lá (ao menos que você queira percebê-la) mas ao mesmo tempo tornasse o ambiente completo.


Conclusão

Quando comecei a jogar, não esperava algo muito diferente de outros jogos do gênero e achei que deixaria o jogo de lado em algum tempo. Entretanto, enquanto a história avançava, tanto a jogabilidade quanto o estilo suave do jogo me surpreenderam e me fizeram considerar esta uma das melhores experiências dos últimos anos.

(Cópia para análise gentilmente cedida pela 11 bit studios)