O início dos anos 2000 foi estranho. O PlayStation 2 tinha sido lançado, e com ele a consolidação dos jogos em três dimensões. A cultura popular tentava balancear o início do novo milênio com a radicalidade dos anos 90; desse sentimento, surgiu uma onde de jogos baseados em esportes radicais, como 1080º Avalanche, Tony Hawk’s Pro Skater, Downhill Domination e Dave Mirra Freestyle BMX. Tal onda se provou passageira, porém, desaparecendo quase completamente alguns anos depois. A Megagon Industries tenta trazer de volta um pouco desse sentimento com Lonely Mountains: Downhill, mas se utilizando de uma estética muito mais moderna, sóbria e agradável.

Lonely Mountains é um jogo de ciclismo de montanhas que mistura velocidade e precisão em seu gameplay. Ele oferece quatro montanhas diferentes, cada uma com diferentes trajetos que propõem desafios em níveis diferentes de dificuldade. No início, apenas um trajeto da primeira montanha está desbloqueado; o resto do jogo surge ao completar certos desafios. Cada trajeto requer uma primeira corrida para reconhecimento do cenário e dos obstáculos, para então possibilitar a conclusão de outros desafios que desbloquearão futuros trajetos e montanhas.

Lonely Mountains: Downhill conta com quatro montanhas com terrenos e vegetação variados, todas belíssimas.

As quatro montanhas proporcionam ambientes deslumbrantes, com uma boa variedade natural de vegetação e terreno. Os gráficos lowpoly conferem um charme à paisagem, que dificilmente seria alcançável com uma direção de arte mais naturalista. Esse estilo gráfico, entretanto, se choca com o modelo do personagem, que parece muito mais “quadrado” o que o resto do mundo, e acaba se destacando de uma forma não muito positiva.

Cada trajeto conta com checkpoints (ufa!) para que o jogador não tenha que começar do início sempre que bater ou cair — o que acontecerá com muito mais frequência do que você imagina. Em geral, esses checkpoints são postos em locais úteis e com intervalos justos, mas senti que o posicionamento de alguns pareceu pouco relevante ou estranho. A câmera é majoritariamente fixa, com exceção de um ligeiro controle que o jogador tem para movê-la; por vezes, ela parecia mais atrapalhar do que ajudar. A jogabilidade pareceu um pouco estranha no início, mas rapidamente me acostumei e consegui dominá-la com facilidade.

A jogabilidade parece um pouco estranha, mas é de fácil adaptação.

O que mais me impressionou em Lonely Mountains foi a ambientação e o poder que ela teve sobre mim. Não há música durante as fases — tudo que se ouve são os sons da natureza e de sua bicicleta derrapando pela terra; sons extremamente detalhados e que garantem uma sensação muito agradável do terreno. Esse minimalismo sonoro também garante a concentração máxima do jogador, para que este encontre atalhos, desvie dos obstáculos mais difíceis e complete os desafios sem problemas. Esse silêncio também cria um contraste muito interessante quando ocorrem grandes saltos ou o personagem chega a velocidades bastante elevadas.


Conclusão

Lonely Mountains: Downhill é, provavelmente, o melhor jogo de ciclismo lançado nos últimos anos. A atenção a detalhes é louvável e, apesar de alguns tropeços, a ambientação incrível e jogabilidade divertida se sobressaem.

(cópia para análise gentilmente cedida pela publicadora)