Atualmente, muitos desenvolvedores se contentam com repetir fórmulas pré-existentes para criar jogos bons, mas pouco inovadores. Um grupo de quatro desenvolvedores que variam de uma contribuidora de Horizon Zero Dawn a um compositor freelancer, porém, quis mais com Minit, lançado em 3 de abril de 2018 para PC, PS4 e Xbox One e em 9 de agosto para Switch, modificando a fórmula criada em 1986 com The Legend of Zelda.
Minit é um jogo de aventura que apresenta como principal mecânica um cronômetro que dura um minuto. Ao final deste tempo, o personagem morre e renasce em seu último ponto de descanso. A ideia parece boa a princípio, e por vezes funciona muito bem, mas geralmente é imprevisível, podendo ser extremamente divertida ou extremamente frustrante dependendo da situação.

O jogo possui um enredo mínimo. Os personagens falam pouco, e o principal objetivo é acabar com a maldição que faz com que cada dia dure apenas 60 segundos. Existem alguns diálogos interessantes, mas a maior parte dos textos no jogo são frases informativas, sejam personagens indicando o próximo passo a se tomar, sejam placas apontando o caminho a se seguir. A história não se mostra presente o suficiente para criar um sentido de motivação no jogador.
Apesar de o personagem morrer a cada 60 segundos, os itens obtidos permanecem no seu inventário, e algumas ações também não são desfeitas. Quais ações são transferidas para a próxima vida me parece um pouco arbitrário, porém. Além de se movimentar, o personagem também é capaz de utilizar seu item em mãos ou morrer prematuramente. Minit, portanto, pode ser jogado por completo com apenas um direcional e dois botões, fazendo jus ao seu estilo gráfico que se inspira em jogos mais primitivos.

O grande problema de Minit é a falta de clareza quando se trata de seus objetivos. Às vezes, o que fazer é óbvio, mas frequentemente esse não é o caso. Isso se agrava quando o personagem deve percorrer uma grande distância para sequer chegar ao ponto onde a confusão está, deixando poucos segundos para uma decisão. Isso só serve para tornar o jogo muito frustrante muito rápido, e é o maior defeito da mecânica apresentada.
A dificuldade é difícil de se medir, já que tudo depende da velocidade com a qual o jogador consegue movimentar o personagem. Os poucos momentos de combate trazem quase nenhum desafio, mas não sei até que ponto tornar essas batalhas difíceis melhoraria a qualidade geral do jogo. O fator replay depende do interesse do jogador em obter todos os itens e em conseguir completar os objetivos no menor tempo possível. Minit foi claramente concebido com a comunidade de speedruns em mente.
Na minha primeira jogatina, obtive pouco mais de um terço dos itens disponíveis, completando a história em pouco mais de uma hora. Em uma segunda jogatina, já sabendo os caminhos e objetivos, o jogo pode ser completado muito mais rapidamente. Essa curta duração torna o jogo pouco marcante, mas a mecânica de cronômetro o tornaria cansativo caso fosse mais longo.

A trilha sonora, quando presente, é de alta qualidade. Os sons foram bem escolhidos e as músicas são agradáveis. Mesmo quando o silêncio predomina, os sutis sons da natureza ainda podem ser ouvidos, criando uma atmosfera interessante que se encaixa bem com o gênero de aventura.
A direção de arte deste jogo é incrível quando vista individualmente, mas atrapalha em demasia o gameplay durante a jogatina. Quando se está com pressa para cumprir um objetivo, a última coisa que se quer é não conseguir diferenciar um pedaço de chão de uma parede. Mas os gráficos minimalistas em preto e branco levam a esse tipo de confusão acontecer com excessiva frequência. Os cenários do mapa também são difíceis de diferenciar, e todos parecem ter o mesmo aspecto.

Em suma, Minit é um jogo com um público extremamente nichado, e consequentemente muito difícil de recomendar para gamers em geral. Ele não é horrível, é curto demais para o ser, mas por essa faca de dois gumes acaba se tornando um jogo esquecível que não passa de um simples passatempo. Aplaudo a tentativa de inovação, mas, ao mesmo tempo, condeno a execução medíocre da mesma.
Conclusão
Curto demais para ser memorável, Minit é dolorosamente mediano. Sua tentativa de inovação falha, bem como sua direção de arte, mas felizmente ainda pode render alguns momentos de diversão em uma tarde entediante, principalmente se você for um entusiasta de speedruns.