Trigger Run é um jogo da empresa 2AXION, criada por Mario Silveira, e chega para fortalecer o cenário de eSports no Brasil usando uma fórmula do gênero que todos conhecem. Demorou três anos para ser feito, mas será que conseguirá alcançar sua expectativa tão alta? O jogo foi lançado em Early Access para PC dia 16 de julho de 2018.

O jogo é um MMOFPS, o mesmo gênero de Paladins e Overwatch – a semelhança dos dois com ele é muito grande —, e o jogador (na teoria) precisa elaborar alguma tática para derrotar o time inimigo. Foi pensado como um jogo competitivo entre times de cinco pessoas, assim como suas inspirações, e possui as classes Ataque, Defesa, Tank e Suporte.

Como já era de se esperar, não possui narrativa. Felizmente, para preencher esse vazio, o jogo conta com 25 personagens jogáveis, 14 mapas, sete modos online, e mais de 75 habilidades. Isso tudo em incríveis 100 megabytes de armazenamento, o que me pareceu impossível a priori. Foi uma bela surpresa o jogo abrir segundos depois de eu ter clicado em “fazer download”, mas nem tudo são rosas; A qualidade (visual) é horrível em quase tudo, e nem estou falando de design, e sim em otimização. Suas texturas são abomináveis.

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A qualidade das texturas é muito ruim.

A dificuldade do jogo é no mínimo desbalanceada. Existem muitos personagens, e talvez essa preocupação em quantidade acarretou erros de balanceamento. Alguns são muito fortes e outros muito fracos, chegando ao ponto de matar ou morrer muito facilmente. Até o fator replay é afetado com isso, porque o jogo cria tantas oportunidades para a jogatina, mas falha em executar grande parte delas. Um pouco mais de preocupação por parte dos desenvolvedores e o jogo seria bem-vindo.

Sua temática é muito difícil de entender, porque pega elementos de vários outros jogos e não cria nada novo. Parece que era para ser algo mais infantil, mas acaba sendo apenas confuso e mal feito, por isso nem dá para definir uma atmosfera. Não possui a menor identidade própria. O pior de tudo é que sinto como se estivesse jogando uma cópia de Overwatch. Visuais, personagens, poderes, modos de treinamento… tudo muito parecido. Isso me deixou imensuravelmente frustrado.

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Até mesmo os poderes dos personagens são iguais aos do seu concorrente.

Algo que tenho que comentar sobre Trigger Run são os inúmeros bugs que presenciei em tão pouco tempo de gameplay. Na maioria das partidas eu não conseguia sair da partida clicando em “Sair para o Lobby”, o hitbox de inimigos estava totalmente errado, morri do nada, sem explicações, em vários momentos… ou seja, não está nem um pouco polido.

O jogo praticamente não tem trilha sonora. Já que copiou tanto outros títulos, por que não fez direito? A partida inicia com a mesma música do menu, mas quando o jogador morre, ela para. Deveriam sim colocar músicas in game. Por exemplo, músicas que provocam uma certa tensão são necessárias em vários momentos, senão não provoca nenhuma emoção no jogador. Em questão de efeitos sonoros, são apenas normais. Somente o esperado, mas com inúmeros erros de programação deles. Quando estou usando alguma habilidade e solto o botão, ele imediatamente para de emitir o som dela. Para pela metade, não tem nenhum efeito para fingir estar diminuindo a potência do poder ou algo similar, só corta o som, e isso dá uma impressão irritante. Só uma coisa me surpreendeu na parte de sons: a dublagem em português. É a melhor forma de criar carisma para os personagens e identificação com o público. Pena que só acertaram nisso.

Como já falei, os gráficos são muito ruins. Tudo é modelado de uma maneira muito simplista, sem muitos detalhes. O design dos mapas é razoável, mas é estragado por esse fato. O design dos personagens é perceptivelmente inspirado em animes e outros jogos do gênero — aliás, até suas habilidades. A foto de descrição deles usa do mesmo estilo do sucesso League of Legends. Suas animações são limitadíssimas, não têm a liberdade que deveriam ter. Em todos os quesitos, Trigger Run tinha de ser mais trabalhado.

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O jogo precisa ser repensado em muitos quesitos.

Trigger Run é um jogo que tenta ter sua própria identidade e ser completo, mas, na verdade, é só uma mistura de elementos de outros jogos. É um título que usa a mesma fórmula dos jogos que quer superar, mas não passa de algo muito saturado e mal trabalhado. Pelo menos é de graça e roda em qualquer configuração de PC, mas deveria ser muito melhor se possui tantas ambições. Aproveito a oportunidade para agradecer a equipe do jogo, que me atendeu no maior evento de games da América Latina, a Brasil Game Show, muito bem e até deram um CD do jogo e ofereceram camisetas.


Conclusão

Trigger Run mira grandes ambições, mas falha miseravelmente em praticamente tudo que projetou. Tenta copiar uma fórmula muito famosa para conseguir sucesso, porém, incrivelmente, consegue errar. Precisará se inovar muito se quiser fortalecer o cenário competitivo, que era seu maior objetivo.