Mesmo que pareça relativamente simples, Etherborn tem um aspecto em comum com Neon Genesis Evangelion e o filme A Origem. Todos têm um pretexto relativamente simples, mas que acabam por se mostrar obras complexas e que requisitam um alto grau de atenção e correlação para se obter o mínimo de compreensão, provando ser um jogo com uma ideia muito bem elaborada e executada com maestria. A história conta a jornada de um corpo sem voz que, guiado por uma voz sem corpo, passa por vários obstáculos, para que então os dois possam se encontrar.

Desenvolvido pelo estúdio Altered Matter e lançado no último dia 18, o jogo traz uma nova proposta ao mundo já diversificado dos jogos indie, com uma narração espetacular e uma jogabilidade muito agradável apesar da história ser de compreensão difícil. Andando por cenários cheios de aberturas, o personagem pode mudar a posição da gravidade e subir nas paredes usando rampas, para explorar o ambiente de forma mais completa.

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Em Etherborn a gravidade muda de direção de direção de acordo com sua posição nos eixos x, y e z. Em termos mais simples, isso significa que você pode literalmente pular de uma parede e cair em direção ao abismo lateral deixado pela falta de outra superfície física. A principal qualidade do jogo é o meio de jogá-lo: Deve-se mudar a perspectiva da gravidade para poder coletar os orbes que estão presos no chão no teto ou nas paredes (tanto faz, qualquer coisa acaba virando chão depois que a perspectiva muda).

Agora desafios que costumeiramente eram mais simples, como em LIMBO e Degrees of Separation, ganham uma dimensão extra, criando a necessidade de usar o máximo da sua noção espacial de forma a compreender e conquistar o cenário e seus obstáculos. Os puzzles começam simples, e aos poucos ganham dificuldade, com uma quantidade limitada de orbes que trazem a necessidade de executar ações específicas antes de poderem ser removidos e usados em outro lugar.

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Diferente da bizarrice gravitacional, os gráficos (apesar de serem levemente poligonais) são bem texturizados e o conjunto completo mostra uma leveza incomum e difícil de ser criada, que fica ainda mais evidente ao ser combinada à suavidade da trilha sonora e com uma narração que utiliza uma voz tão doce e suave quanto os gráficos. No fim, Etherborn consegue criar uma atmosfera de jogo confortável sem deixar de ser desafiador e com uma história muito bem elaborada. É uma obra perfeita para aqueles que buscam algo agradável e que faça pensar.


Conclusão

Com uma história simples, bela e suave, Etherborn me surpreendeu pelo seu uso das três dimensões de forma a criar interações com o cenário que não achava que eram possíveis, mas uma das coisas que mais me agradou, com certeza foi a suavidade com que a história é contada e o cenário, construído.

(cópia para análise gentilmente cedida pela Altered Matter)