Um dos jeitos mais eficazes de conquistar o público gamer é apelando à nostalgia. Utilizando a fórmula de jogos 2D dos anos 90, juntamente com uma trilha sonora característica e um enredo clichê, Sigi: a Fart for Melusina surge como uma grande promessa de entretenimento para os mais antigos (e os novos também). A desenvolvedora Pixel.lu lançou o jogo no dia 22 de dezembro de 2017 para PC, Xbox One e PS4 e em 7 de setembro de 2018 para a plataforma que mais acolhe esse tipo de jogo, o Nintendo Switch.

Sigi: A Fart for Melusina conta com uma história simples e bem-humorada. Um cavaleiro chamado Sigi larga tudo e parte pelo mundo para salvar uma princesa/sereia (infelizmente hipersexualizada), chamada Melusina.

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Sigi tentando salvar sua amada.

Apesar de ser bem fútil e sem nenhum diferencial na premissa, possui um humor que melhora um pouco seus aspectos. Piadas são feitas em muitos diálogos e não são forçadas. Por exemplo, um dos chefões é uma batata-frita, e o protagonista a reconhece, falando que seu nome é Kolles Terrol. Possui vários trocadilhos ruins que podem arrancar uma risada. Ainda se tratando da história, o final é angustiante e muito mal pensado.

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Piadas são feitas a todo instante.

É na busca pela princesa que são jogadas as 20 fases do jogo, que podem ser acabadas em mais ou menos uma hora, todas terminando com Sigi fazendo uma animação de pum. Me pareceu extremamente curto a princípio, mas na primeira vez que zerei o jogo, completei apenas 18% do mesmo – Sigi possui o lema de que o término é apenas o começo, como nos jogos que os inspiraram –, o que me surpreendeu muito. Assim, prestei mais atenção no layout das fases e percebi que haviam entradas secretas para outras salas, e isso é que dá um fôlego novo para um jogo curto como esse. Os únicos desafios de cada nível são encontrar as letras do nome do protagonista espalhadas pelo mapa e capturar as moedas (que não tem nenhuma funcionalidade). Mesmo assim, o fator replay do jogo, na minha opinião, é relativamente bom.

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As fases são bem feitas, pena que erraram na dificuldade.

O jogo possui animações muito bem detalhadas, uma grande variedade de armas – você pode até arremessar coxas de frango em seus inimigos –, e a jogabilidade é satisfatória. É extremamente polido, mas só usa de mecânicas muito básicas: andar, pular e atirar. Já se tratando de itens, você pode encontrar diversos no jogo também. Todos são representados por comidas gordurosas, como frango frito, hambúrgueres e tudo que você pode imaginar. O último elemento de cada fase é uma barraca de cachorro quente que regenera seu HP por completo e, após comer, a fase se encerra com sua comemoração super higiênica.

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O término das fases sempre possui itens de cura em forma de refrigerantes e cachorro quente.

Para completar, todas as vidas que você recebe se acumulam, ou seja, se você quiser repetir qualquer fase mil vezes para ter mil vidas para enfrentar algum chefão, você pode, o que significa uma falta de organização tremenda nesse aspecto. Sigi: A Fart for Melusina se espelha em grandes clássicos para criar sua própria identidade, mas falha por demais.

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E o jogo ainda tem a audácia de te zoar.

O design das fases me deixou muito confuso. O nível de dificuldade da primeira fase comparada com a penúltima (a última é um chefão) é quase o mesmo, e é muito fácil completá-las. Além disso, todos os chefões espalhados entre as fases são de uma dificuldade muito elevada, e particularmente achei-os muito mal planejados, seja em design ou poderes. É extremamente desbalanceado e sinceramente acho esse o maior erro do jogo.

Os cenários do jogo usam parallax de forma concreta, e como o jogo é feito para você jogar várias vezes, cada vez que você reinicia a fase a cor do céu se muda (e faz uma diferença imensa). Só teve uma coisa que me irritou nesse quesito: o prefab do chão nunca muda, é sempre o mesmo chão marrom com grama. Se tratando de trilha sonora, a achei muito boa. Combina perfeitamente com a ocasião, trazendo uma atmosfera ainda mais propícia para a experiência que eles querem que o jogador tenha.

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Destrua todas as iluminárias para ver um easter egg que o surpreenderá.

Se o jogo fosse lançado na mesma época do SNES, talvez fosse um jogo mais bem sucedido. Ninguém se preocupava com história muito elaboradas ou grandes inovações, somente com a diversão. Ainda bem que evoluímos e temos o grande cenário que temos hoje, mas esse tipo de jogo não pode ser ignorado, ainda mais com um preço tão acessivo como esse.


Conclusão

Sigi: A Fart for Melusina é um jogo divertido, engraçado e viciante, porém com vários erros que às vezes prejudicam sua experiência. Foi tão bem trabalhado em estética e sonoplastia que “esqueceram” de outros aspectos importantes. Se o jogo tivesse mais mundos ou fases e os chefões fossem equilibrados, talvez poderia se tornar um dos maiores indies do ano, mas preferiram só se tornarem uma homenagem, invés de inovar em algo.

(Cópia para análise gentilmente cedida pela Pixel.lu)